A sinhà desaparecida




Há mais de 200 anos, havia uma fazenda de café na região de Barra Velha, no município de Ilhabela, litoral norte de São Paulo. O dono desta fazenda era um velho coronel aposentado, de índole questionável, e casado com uma mulher bem mais jovem que ele. Depois do almoço, o coronel tinha o hábito de tirar um cochilo, e nesta hora, a Sinhá se encaminhava para o meio do matagal que rodeava a fazenda para se banhar na cachoeira, que ficava a curta distância da propriedade de seu marido. 

No século XVIII,as fazendas de café funcionavam baseadas no trabalho escravo e os negros,propriedades dos barões, eram marcados com argolas de ferro no nariz ou nos calcanhares. Isso para garantir que não fugiriam ou se passariam por alforriados, ainda raros nesta época. E eis que um dos escravos da fazenda a qual nos referíamos, mais rebelde, encontrava-se justamente próximo à cachoeira quando a Sinhá se aproximou para o banho. 


Tirou a roupa e, completamente nua, pôs-se a se refrescar debaixo d’água. Tomado de desejo e após um tempo observando aquela bela silhueta se banhando, o escravo não aguentou e se revelou perante a Sinhá. E sem dizer nada, avançou em sua direção e abusou dela, saciou-se de seu desejo à força, contra a vontade da Sinhá. Quando ela colocava a roupa para ir embora, chorando e muito assustada, foi que o escravo se deu conta do que havia feito. 


E temendo um castigo mais duro do seu cruel senhor, pegou um pedaço de pau e bateu com toda a força na cabeça da Sinhá, pelas costas, perfurando o crânio dela. O escravo empurrou o corpo da Sinhá para a água e fugiu mata adentro, com medo de ser descoberto pelo coronel e nunca mais foi visto. O corpo desapareceu na cachoeira e nenhum vestígio da Sinhá foi encontrado. Hoje, dizem os que ousaram se banhar na cachoeira, é que bem ao longe, dá pra ouvir os gritos e as súplicas da Sinhá, desesperada, gritando por socorro. Dizem também que é possível escutar o escravo, que apesar de continuar desaparecido, parece continuar vivendo na mata próxima a cachoeira.


Autor anônimo...

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